Professores da Escola Estadual de Ensino Médio Professor Tolentino Maia, em Viamão, denunciam o fechamento das turmas do primeiro ano da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na instituição por parte do Governo do Estado. Em documento enviado à deputada estadual Luciana Genro (PSOL), o diretor Glênio Barbosa Andrade relata que, mesmo com 38 alunos matriculados e mais 25 na lista de espera, as turmas de nível T7 – equivalente ao primeiro ano do Ensino Médio – não foram homologadas pela administração estadual. A escola oferece a modalidade EJA há quase 20 anos, desde 2002, e conta atualmente com três etapas: T7, T8 e T9, as quais são geralmente divididas em seis turmas. São 150 alunos matriculados nos dois últimos níveis, além dos que esperavam cursar o primeiro deles. A professora Viviane Rocha Marçal Vargas explica que, na prática, o fechamento da T7 representa o fim da EJA na escola, por se tratar da turma da entrada na modalidade. Os estudantes iniciam neste nível e depois avançam para o T8 e T9. Ela pondera que, mesmo havendo dificuldades para os alunos da EJA durante a pandemia, a situação é passageira e não deveria significar o fim da modalidade. “Depois de decretar o fim, a gente sabe que vai ser muito difícil começar novamente. E a comunidade do entorno vai ficar carente disso. Os argumentos deles de que não tem procura não se sustentam, isso é uma falácia”, relatou a professora. Atualmente, o Tolentino é uma das três escolas que oferecem EJA na cidade de Viamão, e os professores apontam que as outras duas instituições não dariam conta da demanda sozinhas, além de serem distantes umas das outras, atendendo a públicos diferentes. “Ali no Tolentino, nós temos uma tradição de desenvolvimento de projetos. Além da sala de aula, nós temos um trabalho de interdisciplinaridade, projetos muito bonitos e muito pertinentes. Isso é uma pena, é um absurdo e a gente fica muito revoltada por essa decisão agora do governo, de depois de tanto tempo extinguir a EJA”, lamenta Viviane, que leciona na escola desde 2005. O mandato da deputada Luciana Genro vem recebendo relatos de diversas escolas a respeito de desmontes na Educação de Jovens e Adultos. No final de fevereiro, a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, da qual a deputada participa, realizou uma audiência pública sobre a situação. “O cenário de pandemia que vivemos não pode ser utilizado como argumento pelo governo para dizer que há pouca procura de interessados em ingressar em turmas da EJA. Se não tiver EJA para quem eventualmente abandona os estudos e quer retomar o processo de escolarização, vamos negar um direito básico que é a educação”, aponta Luciana. Após a audiência pública, a Comissão de Educação decidiu chamar a nova secretária Estadual de Educação, Raquel Teixeira, para prestar esclarecimentos sobre a política do governo em relação à EJA. “Vamos apresentar a ela todos os casos concretos que chegaram até nós, como este do fechamento da turma inicial da EJA na escola Professor Tolentino Maia, em Viamão”, disse a deputada.