A iniciativa foi do Fonsanpotma Viamão e Campanha Sagradas Mulheres Águas, promovendo a 2° Edição da Limpeza do Lago Tarumã e Cruzeiro do Cocão de dejetos de Matriz Africana. Depois do sucesso da primeira edição, ambos decidiram realizar a 2ª Edição, que também foi um sucesso, deixando esses espaços mais limpos. Foram recolhidos os materiais que não são orgânicos das oferendas. Africana (Fonsanpotma) existe desde 2013: trata-se de uma iniciativa da sociedade civil, sem fins lucrativos, que visa a manutenção dos saberes ancestrais e hábitos alimentares e culturais dos Povos Tradicionais de Matriz Africana, como são chamados os adeptos das tradições de matriz afro no Brasil desde o Marco Conceitual conquistado em 2018. O Fórum, como organização, possui esferas municipais, estaduais e nacional, espalhadas de norte a sul do Brasil, atuando ativamente junto à sociedade para mobilizar e conscientizar da importância e forma de defender suas tradições, enquanto articula politicamente o apoio de parlamentares para que os direitos dos “potma” sejam garantidos na forma da lei. Com esse propósito, o Fonsanpotma Viamão, fundado em 2020, começou os trabalhos no Lago Tarumã, tendo como horizonte também uma campanha nacional do Fórum: Sagradas Mulheres Águas. A campanha busca a nacionalização do dia de Kaya, Aziri e Yemanjá como patrimônio imaterial dos Povos Tradicionais de Matriz Africana. As Mães-Água são vivas e como seres vivos servem de alimento e se alimentam para garantir o ciclo da vida. Entendendo que a natureza, como morada do Orixá, requer o maior zelo e cada dia mais essa mesma morada está sendo massacrada pela atuação humana, organizaram-se por duas vezes para fazer essa ação que tem como propósito não limpar a sujeira dos irmãos de tradição, mas sim conscientizar estes mesmos adeptos de que já não é mais tempo de ignorar os impactos ambientais também dos nossos costumes. “O mundo caminha em direção a um futuro em que a ecologia fará parte do cotidiano de todos e, como cidadãos, os povos tradicionais de matriz africana precisam pensar nisso ou correm o risco de terem suas práticas simplesmente proibidas a pretexto de preservar a limpeza urbana. E quem dirá que isso é errado? Cuidemos hoje para que possamos ter um amanhã seguro, essa é nossa mensagem para os irmãos. Seguiremos agindo, incansáveis, pela preservação das tradições afro, mas juntos seremos muito mais fortes”.