Parece que acordei de um sonho ou pesadelo… Ou será que ainda não acordei? Estive tentando lembrar quais tipos de informações faziam parte da minha rotina diária e que noticias agora estou alimentando minha reserva mental… Sim, chamo de reserva aquilo que absorvo por necessidade, apesar de me achar um alienado às maiores questões globais, já que ocupo meu tempo com leitura, músicas e com meu colchão que é o melhor lugar do mundo para descansar depois de passar quase que dez horas na rua tentando vender lanche de segunda à sábado, e fora as saídas um dia sim outro não, por livre e espontânea necessidade, indo direto ao Atacadão repor as compras, para preparar o pastel que no dia seguinte deveria chegar lindo, recheadíssimos e muito atraente nas mãos dos consumidores… Desde o início do novo ano, apesar de festividades cheias de esperança, eu percebia que com as vendas, mal dava para separar uma reserva monetária para suprir as necessidades básicas, como todo mundo sabe… garantir os pagamentos das contas de água, luz, gás de cozinha, e internet… que hoje em dia, todo pai de família sabe que com cinco filhos… deixar de incluir internet como uma prioridade é o mesmo que correr o risco de um atentado em seu próprio lar… Então os preços no supermercado foram subindo, as contas básicas também… E por aí a fora, havia uma certa estranheza no ar… Aqui no Sul estiagem comprometiam produtores e consumidores, no Centro-Oeste e no Norte, caia tanta água que morriam pessoas por desmoronamentos, alagamentos, enfim…
O Carnaval quase que foi ameaçado, mas para o bem da cultura e da arte, ao meu ver, as escolas do Rio de Janeiro, foram a voz do povo de sambódromo, com temáticas bem reflexivas sobre variados temas que me permitiam sentir-me bem representado mesmo como espectador de tantas historias encantadoras, mesmo com lembranças tristes de descaso de alguns governantes que preferem calar toda e qualquer manifestação popular… Depois, não muito distante, mas quase que um pouquinho antes do Coronavírus, tivemos uma superexposição da preocupação com a bolsa de valores que havia entrado em pânico… O termo expresso confesso nem saber pronunciar, só sei que havia dado um blecaute na bolsa… As aulas mal haviam iniciado e alguns estudantes dependiam ainda da presença de professores que, por falta de pagamento por parte do governo do estado, não tinham concluído as notas do ano passado, depois de uma extensa greve que, com toda certeza, ficou mal resolvida como tantas outras… O Governo alegando que não tem dinheiro, e isto se repete noutras escalas, no município, aconteceu o mesmo… Então, os postos de saúde, sempre atendendo sem médicos suficientes, sem medicamentos, escolas sem professores, policiais sem salários, filas e filas de pessoas sem atendimentos nos hospitais por falta de leitos, filas e filas de pessoas tentando a sorte de um novo emprego… E aí, o que mais se ouve nas ruas é o de sempre…
– O ano só vai começar em março! Isto eu ouvia todo dia, quando saia de casa para vender lanche…
– Tio, a coisa tá braba… Não tá fácil! Nem sei se a loja não vai fechar… Pareciam férias inacabáveis, eu passava nas ruas e olhava as lojas e nada de movimento… Enfim chegou março, além dos noticiários de corrupção, que já são rotineiros em nossas vidas, chegava agora, noticia de um novo vírus que parecia coisa da China… já que o que mais temos de moderno vem da China, não é mesmo? Então, o que parecia distante foi se aproximando, aproximando, até tomar proporções incríveis, como a de um Presidente do Brasil, que em um momento diz que não é nada, e minutos depois, aparece em rede nacional com o ministro da Saúde, com máscaras no rosto alertando sobre a Pandemia instalada no país e no mundo, e que seriam necessários que fossem tomados tais cuidados e blá, blá, blá… O circo foi armado, dali em diante, o presidente já estava contra os meios de comunicação, contra a Organização Mundial de Saúde… Instalou-se o caos… governadores, especialistas em saúde alertando sobre a importância de ficar em casa, pessoas morrendo aos montes, e tudo mais… Que você já deve estar cansado de saber… Eu com minha família e você com a sua… Estamos com certeza, criando novos hábitos higiênicos, mas o que há de melhor é que o universo sabiamente fez uso de sua sabedoria infinita nos aproximando mais, corrigindo valores que precisavam ser revistos, como a renovação do diálogo, dos sentimentos de amor e ajuda, que agora são imprescindíveis para quem quer seguir adiante depois que tudo passar… o cuidado que agora temos um com o outro, não há preço que pague… até mesmo, a preocupação que a mídia passou a ter com as pessoas tem sido importante, num momento tão delicado, e sabemos que isto vai passar, e sairemos todos mais fortalecidos disto tudo, embora, não sabemos ao certo, o que há por de trás de tudo isto, que está acontecendo no planeta…
O medo é algo escravizador, manipulador… Perigoso… E a massa? Bem, a massa movimenta uma poderosa engrenagem ou será que não? E os governadores? Estarão sendo governados por quem? Para quem? Antes não havia dinheiro para nada… ou há algo mais profundo no que poderemos prever sobre o fundo do poço. Gérson Severo Alves