Viamão enfrenta uma crise severa decorrente das chuvas intensas que ocorreram entre 29 de abril e 2 de maio de 2024. Esse evento climático extremo resultou em danos significativos às culturas agrícolas e à infraestrutura produtiva local, incluindo estufas, canteiros e insumos armazenados. O volume acumulado de precipitação ultrapassou 438 mm, provocando enxurradas e o transbordamento dos rios, com prejuízos diretos e indiretos à região.
O técnico agrícola viamonense, Marco Antonio Borrega, considera, a partir do laudo apresentado pela Emater/RS, que as principais perdas foram registradas nas lavouras de soja, arroz e hortaliças, muito importantes para a economia do município.
“As hortaliças, em particular, são mais vulneráveis às condições climáticas adversas, não tolerando a saturação prolongada do solo, sendo danificadas pelo impacto de ventos e chuvas fortes, e totalmente destruídas por inundações e enxurradas”, disse Borrega. De acordo com a Emater, aproximadamente 30 hectares dos 165 hectares cultivados com hortaliças ficaram submersos, resultando na morte das plantas e na depreciação da qualidade dos produtos.
A recuperação desses cultivos exigirá um mínimo de 30 dias. “Se o clima permitir”, acrescenta Borrega. As áreas cultivadas com arroz e soja, que estavam em processo de colheita, também sofreram perdas significativas. Nessa fase fenológica, as plantas não têm capacidade de recuperação, pois toda a sua energia está direcionada para a manutenção e o desenvolvimento dos grãos.
Além disso, a erosão, a lixiviação de nutrientes e a saturação do solo afetaram cerca de 65 hectares de canteiros que estavam implantados ou preparados para o plantio. Esses canteiros precisarão ser refeitos, o que gerará um custo adicional com mecanização, mão de obra e insumos, estimado em R$ 162.500,00.
Os danos são observados em todas as localidades do município, sendo mais graves nas regiões de cota baixa, que são mais propensas a alagamentos. Os dados levantados na avaliação realizada nesta semana indicam uma estimativa de perdas significativas nas culturas de olerícolas e grãos, conforme detalhado na planilha de levantamento de perdas elaborada pela Emater/RS-ASCAR.
“Não temos como passar por um fenômeno climático dessa grandeza sem tirar algum aprendizado. Esta situação coloca em evidência a necessidade de medidas emergenciais e de apoio aos agricultores afetados, visando minimizar os impactos econômicos e garantir a recuperação das atividades agrícolas no município de Viamão”, disse Borrega.
Uma das medidas, de acordo com Borrega, é a implementação de uma política pública de prevenção e proteção a esse “novo normal” que são os extremos, ora secas ora enchentes. “Assim, a criação de um fundo com parte dos recursos oriundos do retorno de ICMS proveniente da movimentação do talonário de produtor rural torna-se imprescindível para uma resposta imediata aos efeitos de tais eventos climáticos”, finaliza Borrega. Fotos EMATER.